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A hora e a vez da nova classe média
Empresas buscam se preparar para conquistar os clientes de baixa renda, que vêm crescendo no País e trazem a possibilidade de formar um novo público fiel.
Entender que as classes C, D e E são formadas por consumidores de comportamentos distintos é fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Enquanto a alta renda prefere produtos e serviços exclusivos, o consumidor emergente busca aceitação e preço justo, tornando-se fiel às marcas que o acolhem com atenção. Uma pesquisa divulgada na semana passada pela consultoria Data Popular durante o 1º Congresso Nacional sobre Mercados Emergentes, realizado em São Paulo, aponta que só neste ano os três segmentos deverão movimentar cerca de R$ 834 bilhões.
De olho nesse montante, diferentes setores começam a perceber grandes oportunidades de negócios – o público de baixa renda se tornou protagonista de um mercado interno crescente. "Empresas e consultorias especializadas em atender a esse segmento esperam faturar até 80% a mais neste ano, com projetos específicos para essa fatia da população", disse o diretor de projetos da Data Popular e organizador do congresso, Renato Meirelles.
Segundo ele, a renda familiar mensal dos consumidores da classe C aumentou 10% este ano em relação a 2009, chegando a R$ 2,5 mil. Já os consumidores das classes D e E tiveram renda familiar mensal de R$ 900, também com elevação de 10% em relação ao ano anterior. "Entre os emergentes, aproximadamente 10 milhões de brasileiros migraram das classes D e E para a C nos últimos cinco anos", afirmou.
A intenção de consumo dessas famílias até o final do ano abrange itens de alto valor agregado – como motos, carros e viagens de avião. São 14 milhões de famílias interessadas, por exemplo, em colocar um carro na garagem ainda em 2010. "É importante que todas as grandes redes varejistas entendam o perfil desses consumidores. Para tratar com o público emergente, é preciso ter humildade, e se colocar no lugar do outro."
Meirelles lembrou ainda que a população de baixa renda sabe dar valor a cada centavo gasto, e prefere aplicar o dinheiro em itens com preço e qualidade em uma faixa intermediária. "Como a nova classe média já representa metade da população e deve continuar crescendo com a ascensão da classe D, as empresas precisam entender que o consumidor de baixa renda é um importante cliente em potencial", avaliou.
Internet – A inclusão digital também é apontada na pesquisa, segundo a qual 60% da classe C já possui computador em casa. Além disso, esse estrato é o que tem maior intenção de compra do equipamento: 44%. Já 29% das famílias das classes D e E pretendem comprar um computador até o final do ano. "O público de baixa renda é maioria na internet: são quase 64 milhões de brasileiros conectados", afirmou Meirelles.
Sendo assim, a rede mundial de computadores se tornou o meio de informação mais usado entre os jovens da nova classe média brasileira. "A internet é usada pelos emergentes em atividades como leitura de e-mails e notícias, pesquisas para escola e visitas a sites de relacionamento." Para o diretor da Data Popular, essa é a razão do sucesso de lan houses em bairros da periferia. "As pessoas têm computador em casa, mas continuam frequentando lan houses, porque o local também serve como um ponto de encontro."
A primeira edição do Congresso reuniu empresas e empresários que têm adotado iniciativas para atender as carências desse consumidor emergente. Os participantes incluíram a presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano; a diretora de marketing da TAM, Manoela Amaro; o vice-presidente do McDonald's, Mauro Multedo; e o vice-presidente-executivo do Grupo Pão de Açúcar.
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